ROBERT STEPHENSON SMITH BADEN-POWELL

Robert Stephenson Smyth Baden-Powell (*1857,+1941)
General do Exército Britânico
Fundador do Movimento Escoteiro

O escotismo surgiu antes da Primeira Guerra Mundial e, atualmente, conta com mais de 30 milhões de escoteiros no mundo. O movimento teve o tenente-coronel britânico Baden-Powell como principal personagem. Powell nasceu em 1857, na Inglaterra, e desde a infância mostrou grande apego pela aventura e pela natureza. Como militar, conheceu grande parte do mundo. Durante uma viagem pela Inglaterra, o militar observou alguns meninos lendo um livro que ele mesmo havia escrito para os exploradores do exército. O livro continha ensinamentos sobre como acampar e sobreviver em regiões selvagens. Em 1907, ele entusiasmou-se e resolveu realizar um acampamento com vinte rapazes de 12 a 16 anos, na Ilha de Brownsea. No acampamento, ensinou uma porção de coisas importantes, como primeiros socorros, observação, técnicas de segurança para a vida na cidade e na floresta. Suas experiências em treinar os jovens foram produtivas e gratificantes. A maneira como os jovens desempenhavam suas tarefas, seus exemplos de educação, lealdade, coragem e responsabilidade causaram grande impressão nele. Um manual de disciplina (dividido em seis fascículos) foi lançado por Powell em 1908, e o sucesso foi tão grande que vários movimentos de escoteiros começaram a surgir em todo o mundo. O crescimento foi tanto que, em 1910, ele compreendeu que o escotismo seria a obra à qual dedicaria a sua vida. Powell percebeu que podia fazer muito mais pelo seu país educando e disciplinando a nova geração de jovens, do que preparando homens na área militar. Resolveu, então, pedir demissão do exército, onde havia chegado a tenente-general, e passou a se dedicar exclusivamente ao escotismo. Em 1920, escoteiros de todas as partes do mundo reuniram-se em Londres para a primeira concentração internacional de escoteiros: o Primeiro Jamboree Mundial. Na ocasião, Baden Powell foi proclamado “Escoteiro-Chefe-Mundial”, sob os aplausos da multidão de rapazes.

“Se queremos que nossos rapazes sejam felizes na vida,
devemos fazer com que eles assimilem o costume de praticar o bem ao próximo,
além de ensinar-lhes a apreciar as coisas da natureza.”
Robert Stephenson Smyth Baden-Powell

INTRODUÇÃO

Todos os que participam do Movimento Escoteiro devem conhecer sua história. A história de B-P se confunde com a do Escotismo: Robert Baden-Powell Fundador do Movimento Escoteiro Se você deseja compreender bem o Escotismo, tem que saber algo sobre o homem que fundou o Movimento Escoteiro – Lord Baden-Powell of Giwell – Escoteiro Chefe Mundial, conhecido por todos os escoteiros pelo apelido afetuoso de “B-P” (leiase bi-pi). Robert Stephenson Smith Baden Powell nasceu em Londres, Inglaterra, a 22 de Fevereiro de 1857. Seu pai era o Reverendo H. G. Baden Powell, professor em Oxford. Sua mãe era filha do Almirante inglês W. T.Smyth. Seu bisavô, Joseph Brewer Smyth, tinha ido como colonizador para New Jersey (América do Norte) mas voltou para a Inglaterra e naufragou na viagem de regresso. Baden-Powell era pois descendente, por um lado, de um Ministro Evangélico e, por outro, de um colonizador aventureiro do Novo Mundo.

B-P NA JUVENTUDEO QUE É ESCOTISMO

Seu pai morreu quando Robert tinha perto de três anos, deixando sua mãe com sete filhos, dos quais o mais velho não tinha ainda catorze anos. Havia, com frequência, momentos difíceis para uma família tão grande, mas o amor mútuo entre mãe e filhos ajudava-lhes a continuar em frente. Robert viveu uma bela vida ao ar livre com seus quatro irmãos, excursionando e acampando com eles em muitos lugares da Inglaterra. Em 1870, B.P. ingressou na Escola Chaterhouse em Londres com uma bolsa de estudos. Não era um estudante que se destacava – mas era um dos mais vivos. Estava sempre metido em tudo que acontecia no pátio do colégio e cedo se tornou popular pela sua perícia como goleiro da equipe de futebol de Chaterhouse. Seus camaradas da escola muito apreciavam suas habilidades como ator. Sempre que pediam, ele improvisava uma representação que fazia a escola toda morrer de rir. Tinha também vocação para a música, e seu dom para o desenho permitiu-lhe, mais tarde, ilustrar todas as suas obras.

B-P NA ÍNDIA

Aos dezenove anos, B-P colou grau na Escola Chaterhouse e aproveitou uma oportunidade para ir à Índia como Subtenente que formaria a ala direita da Cavalaria na célebre “Carga da Cavalaria Ligeira” da Guerra da Crimeia. Além de uma excelente carreira militar – chegando a Capitão aos vinte e seis anos – ganhou o troféu esportivo mais desejado de toda a Índia – o troféu de “sangrar o porco”, caça ao javali selvagem, a cavalo, tendo como única arma uma lança curta. Vocês compreenderão como este esporte é perigoso ao saber que o javali selvagem é habitualmente citado como “o único animal que se atreve a beber água no mesmo bebedouro com um tigre”.

COMBATENDO NA ÁFRICA

Em 1887 encontramos B-P na África participando da campanha contra os Zulus e, mais tarde, contra as ferozes tribos dos Ashantís e os selvagens guerreiros Matabeles. Os nativos o temiam tanto que lhe davam o nome de “Impisa”, o “lobo-quenunca-dorme”, devido à sua coragem, sua perícia como explorador e sua impressionante habilidade em seguir pistas. As promoções de Baden-Powell na carreira militar eram quase automáticas, tal regularidade com que ocorriam, até que, subitamente, se tornou famoso. Corria o ano de 1899 e Baden-Powell tinha sido promovido a coronel. Na África do Sul fermentava uma agitação. As relações entre a Inglaterra e o governo da República do Transvaal tinham chegado ao ponto de rompimento. Baden-Powell recebeu ordens de organizar dois batalhões de carabineiros montados e marchar para Mafeking, uma cidade no coração da África do Sul. “Quem tem Mafeking, tem as rédeas da África do Sul”, era um dito corrente entre os nativos, que se verificou ser verdadeiro.

O CERCO DE MAFERKING

Veio a guerra e, durante 217 dias – a partir de 13 de outubro de 1899, B-P defendeu Mafeking cercado por forças esmagadoramente superiores do inimigo, até que tropas de socorro conseguiram finalmente abrir caminho, lutando para auxiliá-lo, no dia 18 de maio de 1900. Nessa ocasião, em razão do emprego de todos os homens para a defesa da cidade, B-P teve sua primeira experiência com os jovens, mobilizados em atividades de apoio logístico, como ordenanças, estafetas, carteiros, etc. A Inglaterra estivera de respiração suspensa durante esses longos meses. Quando finalmente chegou a notícia: “Mafeking foi socorrida” ficou louca de alegria. Procure “Mafeking” em seu dicionário de inglês e junto a esta palavra você encontrará duas outras criadas nesse dia tumultuoso, derivadas do nome da cidade africana: “Maffick” e “Maffication” – significando “celebração tumultuosa”. B-P, promovido agora ao posto de Major-General, torna-se um herói aos olhos de seus compatriotas.

NASCIMENTO DO ESCOTISMO

Foi como um herói dos adultos e das crianças que, em 1901, ele regressou da África do Sul à Inglaterra, para ser cumulado de honrarias e para descobrir, surpreso, que a sua popularidade pessoal dera popularidade ao livro que escrevera para militares – “Aids to Scouting” – “Ajuda à Exploração Militar”. O livro estava sendo usado como um compêndio nas escolas masculinas. B-P viu nisto uma provocação e um desafio. Compreendeu que estava aí a oportunidade de ajudar os rapazes de sua Pátria a se desenvolverem para uma robusta varonilidade. Se um Mal tinha começado a aparecer nas livrarias a nas bancas de jornal o “Escotismo para rapazes”, e já surgiam Patrulhas e Tropas Escoteiras – principalmente na Inglaterra, e depois em muitos outros países. livro para adultos sobre as atividades dos exploradores podia exercer tal atração sobre os rapazes e servir-lhes de fonte de inspiração, outro livro, escrito especialmente para os rapazes, poderia despertar maior interesse! Pôs-se então a trabalhar, aproveitando e adaptando suas experiências na Índia e na África, entre os Zulus e outras tribos selvagens. Reuniu uma biblioteca especial e estudou nestes livros os métodos usados em todas as épocas para a educação e o adestramento dos rapazes, desde os jovens espartanos, os antigos bretões e os peles-vermelhas, até os nossos dias. Lenta e cuidadosamente B-P foi desenvolvendo a idéia do Escotismo. Queria estar certo de que a idéia podia ser posta em prática e, por isso, no verão de 1907, foi com um grupo de vinte rapazes para a ilha de Brownsea, no Canal da Mancha, para realizar o primeiro acampamento escoteiro que o mundo presenciou. O acampamento teve completo êxito.

ESCOTISMO PARA RAPAZES

E a seguir, nos primeiros meses de 1908, lançou em seis fascículos quinzenais o seu manual de adestramento, “Escotismo para rapazes” – sem sequer sonhar que este livro ia por em ação um Movimento que iria afetar a juventude do mundo inteiro. Mal tinha começado a aparecer nas livrarias e nas bancas de jornal o “Escotismo para Rapazes”, e já surgiam Patrulhas e Tropas Escoteiras – principalmente na Inglaterra, e depois em muitos outros países.

A SEGUNDA VIDA DE B-P

O Movimento cresceu tanto, tendo em 1910, atingido tais proporções que B-P compreendeu que o Escotismo seria a obra a que dedicaria sua vida. Teve a visão e a fé de reconhecer que podia fazer mais pelo seu país adestrando a nova geração para a boa cidadania do que preparando um punhado de homens para uma possível guerra futura. E, assim, pediu demissão do Exército onde havia chegado a Tenente-General, e ingressou na sua “segunda vida” – como costumava chamá-la – sua vida de serviço ao mundo por meio do Escotismo. Os frutos que colheu como recompensa desta decisão foram o crescimento do Movimento Escoteiro e o amor e o respeito dos rapazes do mundo inteiro.

A VIAGEM DE B-P EM 1912

Em 1912, fez uma viagem ao redor do mundo para entrar em contato com os Escoteiros de muitos países. Guerra Mundial (1914-1918) e momentaneamente interrompeu este trabalho; mas com o fim das hostilidades foi recomeçado e, em 1920, os Escoteiros de todas as partes mundo se reuniram em Londres para a primeira concentração internacional de Escoteiros – o Primeiro Jamboree Mundial. Na última noite desse Jamboree, a 6 de agosto, B-P foi aclamado “Escoteiro-Chefe Mundial”, com os aplausos da multidão de rapazes. O Movimento Escoteiro continuou a crescer. No dia em que atingiu a “maioridade” completando vinte e um anos, contava com mais de dois milhões de membros em praticamente todos os países civilizados do mundo. Naquela ocasião B-P recebeu de seu Rei, Jorge V, a honra de ser elevado a Barão, sob o nome de Lord Baden-Powell of Gilwell. Mas, apesar desse título, para todos os Escoteiros ele continuou e continuará sendo sempre – B-P, o Escoteiro- Chefe- Mundial. O Primeiro Jamboree Mundial foi seguido por muitos outros – em 1924 na Dinamarca, em 1929 na Inglaterra, em 1933 na Hungria, em 1937 na Holanda. Em cada um desses Jamborees, Baden-Powell foi a figura principal, calorosamente saudado pelos “seus” rapazes onde quer que estivesse. Mas os Jamborees eram apenas uma parte do esforço no sentido de se formar uma Fraternidade Mundial de Escoteiros. B-P fez longas viagens cuidando dos interesses do Escotismo, mantinha correspondência com os dirigentes escoteiros de numerosos países e continuou a escrever sobre assuntos escoteiros, ilustrando com seus próprios desenhos artigos e livros.

OS ÚLTIMOS ANOS DE B-P

Quando suas forças afinal começaram a declinar, depois de completar oitenta anos de idade, regressou à sua amada África, com sua esposa, Lady Olave Baden-Powell, que fora uma entusiasta e que era a Chefe Mundial das “Girl Guides” (Bandeirantes) – movimento também iniciado por Baden-Powell.Fixaram residência no Kenia, num lugar tranquilo, com um panorama maravilhoso: florestas de quilômetros de extensão, tendo ao fundo montanhas de picos cobertos de neve. Foi lá que morreu B-P, em 8 de Janeiro de 1941 -faltando pouco mais de um mês para completar oitenta e quatro anos de idade. Em nossos dias o Escotismo tem mais de 28 milhões de membros ativos, em todos os Países reconhecidos pela O.N.U., sendo o maior Movimento Educacional de Jovens do mundo.

A ÚLTIMA MENSAGEM DE B-P

Caros Escoteiros:

Se vocês já assistiram à peça “Peter – Pan”, lembrar-se-ão que o chefe dos piratas estava sempre fazendo o seu discurso de despedida, temendo que, ao chegar a hora de morrer, não tivesse tempo, talvez, de pronunciá-lo. Passa-se o mesmo comigo, e assim, embora não esteja morrendo neste momento, isto irá acontecer qualquer dia destes, e desejo mandar a vocês uma última palavra de adeus. Lembrem-se: esta é a última coisa que vocês ouvirão de mim, portanto, meditem sobre ela. Tenho levado uma vida cheia de felicidades, e desejo que cada um de vocês tenha também uma vida igualmente feliz. Creio que Deus nos colocou neste delicioso mundo para sermos felizes e saborearmos a vida. A felicidade não vem da riqueza, nem do sucesso profissional, nem do comodismo da vida regalada e da satisfação dos próprios apetites. Um passo para a felicidade é, quando jovem, tornar-se forte e saudável, para poder ser útil e gozar a vida quando adulto. O estudo da natureza mostrará a vocês quão cheio de coisas belas e maravilhosas Deus fez o mundo para o nosso deleite. Fiquem contentes com o que possuem e tirem disso o melhor proveito. Vejam o lado bom das coisas em vez do lado pior. Mas, o melhor meio para alcançar a felicidade é proporcionando aos outros a felicidade. Procurem deixar este mundo um pouco melhor do que o encontraram, e, quando chegar a hora de morrer, poderão morrer felizes sentindo que pelo menos não desperdiçaram o tempo e que procuraram fazer o melhor possível. Deste modo estejam “bem preparados” para viver felizes e para morrer felizes. Mantenham-se sempre fiéis à sua Promessa Escoteira, mesmo quando já tenham deixado de ser rapazes, e Deus ajude a todos a procederem assim.

Do amigo

Baden-Powell of Gilwell

 

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